LUANA APARECIDA DE OLIVEIRA (Unioeste) luanatuba@hotmail.com
Tese de doutorado
Orientador: Rosalvo Schütz
Data prevista de defesa: 01/09/23
Fonte da imagem: http://sociologia2106.blogspot.com/2015/08/analogo-ao-de-escravo-mais-de125-anos.html
A tese tem como objetivo apresentar o conceito de trabalho (im)produtivo enquanto não-idêntico ao modo de produção capitalista, no sentido de ser produtivo para o ser humano e não mais para o capital, evidenciando a dimensão concreta do trabalho não coadunada com a lógica da valorização do valor. Para tanto, o método adotado nesta pesquisa é o materialista histórico-dialético, e temos como referencial teórico as contribuições de Karl Marx e de Theodor W. Adorno.
Abordamos, primeiramente, a constelação conceitual da concepção capitalista de trabalho produtivo, a saber, o trabalho como categoria fundante do ser humano, o duplo caráter do trabalho (concreto e abstrato), a mercadoria, a força de trabalho como mercadoria e a mais-valia. Em um segundo momento, por meio da análise crítica realizada por Marx, expomos o conjunto das particularidades que compõem a definição de trabalho produtivo e de trabalho improdutivo no âmbito do capital, em suma, a mais-valia determina se o trabalho é produtivo ou improdutivo. Uma vez que o trabalho produtivo é somente aquele que produz mais-valia, essa caracteriza-se como o princípio de identidade do capitalismo. Acontece que o trabalho que é produtivo para o capital é, na verdade, improdutivo para o ser humano. O trabalho que produz a riqueza na forma do capital, produz, ao mesmo tempo, miséria para os trabalhadores, pois a riqueza produzida socialmente é apoderada de modo privado e somente a miséria é socializada. Tal é o problema tratado nesta pesquisa. Visando resolvê-lo desenvolvemos nossa perspectiva sobre a repercussão do princípio de identidade naquele que é sua base imprescindível, a saber, o trabalhador produtivo.
Por fim, tratamos do conceito adorniano de não-idêntico, estabelecendo uma discussão acerca dessa determinação conceitual, que está articulada especificamente com a forma de organização da produção. Isso significa que em outra forma de organização da produção, a definição de trabalho produtivo não será a mesma que por ora vigora. Considerando esse pressuposto e tendo em vista que o não-idêntico é a inadequação à identidade vigente, concebemos o trabalho produtivo para o ser humano e improdutivo para o capital enquanto não-idêntico ao modo de produzir baseado na exploração do ser humano pelo ser humano. Contudo, partindo do entendimento de que o trabalho produtivo, o não-idêntico ao capitalismo, somente tomará materialidade efetiva quando o trabalho não for determinado pela forma de sociabilidade do capital. Finalmente, apontamos a necessária e urgente ruptura com o princípio de identidade dominante, o que requer a superação desta sociabilidade.
Referências bibliográficas:
ADORNO, Theodor W. Dialética Negativa. Tradução: Marco Antonio Casanova. Rio de Janeiro: Zahar, 2009.
ADORNO, Theodor W. Terminología Filosófica I. Tradução: Ricardo Sánchez Ortiz de Urbina. Madri, Espanha: Taurus, 1976.
MARX, Karl. O Capital: crítica da economia política. Livro I: o processo de produção do capital. Tradução: Rubens Enderle. 2º edição. São Paulo: Boitempo, 2017.
MARX, KARL. O Capital. Livro I. Capítulo VI (inédito). Tradução: Eduardo Sucupira Filho. São Paulo: Ciências Humanas, 1978.
MARX, KARL. Teorias da mais-valia: história crítica do pensamento econômico. Livro IV de O Capital. Volume I. Tradução: Reginaldo Sant’Annna. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
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