Entre o riso do deboche e o silenciamento do nó na garganta está, quase sempre, a voz frágil e trêmula da aluna de filosofia. A sala é um bloco de uma tradição que lhe pesa, enquadra o seu lugar e direciona seus passos. A porta de saída sempre lhe esteve mais próxima e, muitas vezes, foi motivo de libertação e alívio. A filosofia ensinada tampouco lhe acolhia ou erguia. O sonho de se tornar filósofa se desfazia feito névoa passageira de uma manhã fria, como uma doce ilusão de puberdade. O corredor da universidade ficara estreito demais para quem se abrigava sob a vestimenta do gênero feminino. Mas, ao final do corredor, a porta entreaberta deixava escapar vozes de quem nunca quis pouco, mas agora sabe perseguir seus desejos de ler, escrever, dialogar, pensar e filosofar – por que não? Qual voz se cala na sala de aula? Qual voz está trêmula? Qual voz está plena? Qual voz ousaria filosofar?
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